Identidade em movimento

Em 2009 escrevi um texto de nome Levantando com subtítulo " Os psicólogos é que são loucos"  em que eu escrevia assim: " Acho que não consigo mais pensar em como eu pude querer essa profissão Viver pra entender os outros Isso me faria parar de compreender a minha mesma.. ." Essa ideia do senso comum, hoje me é bastante errônea. Percebo só HOJE que eu não pararia de entender a mim mesma, muito pelo contrário, eu entenderia até demais. E isso é que talvez pode assustar. Por analisar até mesmo o modo de uma pessoa entrar no consultório, eu percebo hoje que os psicólogos e analistas entendem demais as expressões, as maneiras, os gestos que o nosso inconsciente deixa no ar. Entendo hoje também que a vida vai nos mostrando o quanto nós somos cheios de certezas e afirmações erradas e que precisamos, e/ou, vamos na "marra", perdê-las de um jeito ou de outro.

Poetisa sou? Eu amo, pertenço e sou os meus mortos Ser morto é reviver o que parece enterrado Mas só parece, não está. Tudo revoluciona, tudo se transforma Recorro à lei de Lavoisier Volto ao pó que foram, que fui Releio textos dos meus mortos vivos pela arte Refaço meus contextos, conceitos Reescrevo minha vida Torno-me outra Encontro meus defuntos poetas em palavras que os vivificam sempre mais A poesia não morre Eles se foram, eu irei, mas Ela, sim, ficará Poetisa não sou Sou poesia em movimento, amando, respirando, falando, escrevendo, vivendo.