Identidade em movimento

Realmente incrível Qualidade de poeta Escrever aquilo que não viu, Vidas que não viveu Amores que não sentiu Cantos que não cantou Dores que não... Ai! As dores Sempre doem tão mais no poeta, A mais intensa e insuportável é dele: Dói-se por completo.

Estava pensando hoje, olhando o espelho... Já pensou se o espelho não tivesse sido inventado e o homem não soubesse que as águas de um rio, por exemplo, o refletem? Será que se não tivéssemos visto a nós mesmos e continuássemos somente nos vendo o tempo todo, olharíamos mais o outro? Haveria menos o eu e mais o eles, o nós. Talvez houvesse mais verdade em nossos rostos, em um simples olhar. Seria preciso enxergar-nos através do outro. E o outro através de nós. Deixaríamos de amar muito a nós mesmos e amaríamos mais o próximo.  "Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos (...) e não tivesse Amor, nada seria. " I Co13

Nesta triste noite Na imensidão da madrugada As lágrimas arranharam meu rosto Não há o canto do pássaro da meia-noite há rouquidão Há uma contemplação: no espelho, o rosto encharcado O suor das noites débeis, febris Transforma-se nas gotas do choro As palavras que acariciavam o ego, agora São sentidas com gosto amargo. A perda do fôlego se tornou falta de ar contínua, soluços. O que resta? Arrependimento. Sempre.