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Azul Celeste

    Vi, certa vez, lá embaixo, um homem cujas razões para sonhar se haviam perdido e que aguardava, tão cansado de esperar, a indesejada das gentes. 
   Seu Celino, numa noite dessas frias e um tanto nebulosas, deitou-se no grande e florido quintal de sua casa. Um jardim tão alegre para um ar tão triste, pensou. Mas deitou. Observava o céu. Após um tempo, o vento fez com que as estrelas, antes escondidas e tímidas, pouco a pouco se mostrassem. Elas, então, começaram a rir-lhe docemente, como diria meu caro Antoine. Mas era um riso tão familiar que o fez enxergar a meiga menina de sua juventude, sua esposa - com a qual vivera por 40 anos - agora era sentida a acariciar-lhe o rosto e a beijar-lhe os lábios frios e murchos. Os olhos daquele amargo homem brilhavam como os de uma criança e deixaram-se derramar em lágrimas. Beijou afoito sua bela mulher, que há tanto tempo não via.
   Naquele instante, ao sua última lágrima tocar o chão, sentiu seu corpo erguer-se do solo. Sua esposa, dessa vez com um toque quente e macio, deu-lhe a mão. E nunca se viu noite mais estrelada que a de Celino, pois encontrara novamente a verdadeira razão para viver seus sonhos e nunca mais precisar acordar. E assim, conta-se que, de tempos em tempos, numa noite igual àquela, pode-se ver um par de estrelas a saltitar entre os astros da imensidão azul-celeste.

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