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A locomotiva da vida

Me ensinaram certa vez que a vida é como uma locomotiva.  


Pessoas vêm e vão em nossas vidas, outras permanecem desde o comecinho, outras surgem no meio da viagem, mas todos temos uma parada - uma estação em que vamos descer. Alguns porque chega o momento da partida definitiva e nos deixam para sempre junto com a saudade. Outros porque simplesmente descem em outra estação e saem de nossas vidas (ou nós os deixamos).

Com alguns, a viagem é compartilhada. Há aqueles que sempre estão conosco dia após dia, semana após semana, mês após mês, ano após ano: família, pessoas amadas, amigos queridos com quem realmente podemos contar e que nos visitam a miúde. 


Precisamos escolher quem permanecerá conosco na locomotiva da vida. Por alguns vale a pena lutar e se esforçar porque serão as pessoas das nossas vidas. Aquelas que nos compreendem e que também podemos alentar. Aquelas que fazem diferença nas nossas vidas e, sem egoísmo, nós nas delas. Também há aquelas que já não cabem mais nos assentos ao nosso lado. Estas, aos poucos, se vão e quiçá devemos apenas nos afastar: gente que não acrescenta. 
Relações não são perfeitas porque seres humanos não o são. Todos temos nossas debilidades, fraquezas, e saber respeitar isto é fundamental. Enxergar o SER que está além disso é o que nos permite superar e prosseguir. 

Em se tratanto de vida conjugal, diz-se por aí que amor não enche barriga e isto é absolutamente certo. Porque o amor sozinho não é suficiente. Mas ele é a base sobre as quais podemos edificar muitas outras coisas para construir algo sólido: amizade, cumplicidade, companheirismo, respeito, paciência, paixão, persistência, otimismo, humildade, bondade, compaixão, empatia, perdão, honestidade, disciplina e coragem. Com estas virtudes, podemos construir relações sólidas uma vez que o outro também as tenha e as cultive.
 
Persistir no erro é de tolos. Mas erros também fazem parte do processo para a aprendizagem. Aprendemos todos os dias a ser melhores. Não devemos tapar o sol com a peneira, nem nos conformar com o que nos incomoda, mas até que ponto devemos desfazer relações sólidas por coisas que o outro também está tentando melhorar? Todos estamos em processo de melhoria de nós mesmos. E a ansiedade não colabora em nada. Mas o conformismo tampouco.  É preciso paciência também para ver o outro crescer e permitir-se crescer ao seu lado. Talvez a vida não se trate de equilíbrio todo o tempo, pois quando achamos que está tudo bem, a locomotiva da vida passa por trechos de muita agitação e vai sacudindo tudo. Mas pode ser que a chave seja a equilibração, a ação de constante busca do equilíbrio.

As dificuldades virão, mas é preciso se lembrar e colocar na balança se os problemas superam as virtudes. Quando atravessamos problemas, nós os olhamos com a lente deles. E vemos tudo de maneira problemática, mas nesses momentos é preciso trocar os óculos, limpar as lentes e se afastar para tentar observar a situação de outro vagão. 

É ruim a ponto de descer na próxima estação ou você se permitirá lutar mais ao lado daquela pessoa para ver aonde a locomotiva da vida te levará? 

Somos responsáveis por nossas escolhas e estas nos levarão a algum lugar. A questão é aonde - como expressão de movimento porque a locomotiva não para - e com quem estaremos quando chegar a nossa hora de deixar essa locomotiva de vez. 

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