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Medo de viver

Ela começa a pensar. Em sua vida, em tudo que não sabe, que não faz, em todos os lugares que ainda não foi e que gostaria de conhecer, em sua insegurança, em sua cela particular, em seu medo de viver.
Vivia sempre naquela cidadezinha que até parecia grande, mas do ponto de vista dela que não conhecia nada além daquilo.
Mas quando digo nada, é nada mesmo. Não ia daqui até ali. Se mudasse o rumo, se perdia. Como podia, uma jovem tão medrosa? Como poderia atravessar o oceano, se tinha medo da poça? Mal sabia ir a Botafogo. E isso, até então não a incomodava. Mas algo aconteceu, passou a observar as outras pessoas mais descoladas que saiam para festas, desbravavam o seu Rio de Janeiro, conheciam de cabo a rabo e ela continuava ali, enclausurada com seu parzinho fantástico(uma das coisas que a deixava acomodada): o seu amado, que já viveu, e duvido que esperaria que ela vivesse suas aventuras, se ele, ao menos, as vivesse com ela, mas era tão ocupado; a outra coisa era a dependêcia dos outros: ir sozinha? Jamais! Andar com as próprias pernas? Só até ali. Lá, não! Su madre, entonces... Talvez teria deixado-a assim, medrosa, pacata, acomodada. Suas amigas mesmo que não tivessem saído até um certo momento, com certeza já tinham vivido muito mais que ela. E isso passou a incomodar, incomodar...
O seu medo começou a irritar...
Seu medo de viver.
Ela agora quer viver, mas precisa optar. A vida é feita de escolhas: ausências e presenças. Escolhendo isto, aquilo deixa de ser opção. Permitir-se ter um destino diferente... Sei que, às vezes, ela pensa nisso... Aventurar-se, unir-se a um grupo louco e sair pela cidade (não a pequenina, a dela, mas a que interessa. Nem que sejam outras), curtir loucamente, conhecer e depois, ao perceber que não era isso que a satisfazia, voltar. SE houvesse essa possibilidade.

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