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Mostrando postagens de fevereiro, 2013

Máscara

Bem. Advérbio de modo. No meu caso, negativo. Uma farsa. Tenho uma tristeza martelando no peito, martelando nas costas; uma ferida que se abre e arde exposta ao sol, à clara luz das ideias e da verdade (relativa). E mesmo assim me brota um sorriso dos lábios. Outro disfarce. Não sei o que dói mais. Mesmo assim há um canto entoado de algum espaço, de um outro canto (esquerdo, direito, quem sabe? Eu não sei...). Não sei como a voz sai de forma tão angelical se por dentro arranha, sangra-me. De onde sai tamanha força para tamanha voz, tão alta? Talvez do meu âmago afagado em sordidez. Só um grito desesperado Que ninguém ouve.

Sem choro, nem vela.

Tua presença nunca foi silenciosa, por que logo agora que te foste, seria? Descansaste, sei disso. Mas a lágrima ainda teima em rolar calada. Agora o que quero é despir tu' ausência deste silêncio perturbador Quero cobrir tua lembrança de cores vivas, que não são tanto quanto você era. Quero povoar o vácuo de riso, abrir uma válvula de escape. Colorir-te, rir-te, lembrar-te, ar-te. E nem foi aquele tanto de café que te matou. Foi o fado, que, em verdade, é mesmo um fardo Pesado.

Silêncio ( + música da hora #21 - O anjo mais velho - O Teatro Mágico)

            Silêncio Eu visto tua ausência de silêncio Um silencio áspero e impermeável Não por desamor Tampouco por esquecimento E sim por covardia É que tenho medo Eu tenho um medo imenso De que te misturando às coisas deste mundo Teu nome te integre à natureza E eu nunca mais te reconheça Eu visto tua ausência de silêncio E guardo em meu silêncio Tua imagem.                                      ( Sérgio Fonseca)                                                     ...

Xanda

Ontem à noite, ela se foi. A noite ficou mais escura. Foi descansar. Mas esperávamos sua volta. Eu esperava. Quando te conheci, você já estava nessa luta. Esperava tanto que você se recuperasse. Esperava outro abraço, outra doideira cheia de lucidez vindo de você, Alexandra.  Com as costuras remendadas, mas ali. Difícil falar, pois vi seus cachinhos crescendo e, com eles, a esperança. Parecia estar melhor até que, de repente: " companheiros e companheiras de batalha: bom, como nem tudo são flores preciso dizer que tive uma recorrência do câncer!!! é, isso mesmo, essa merda voltou e se instalou na minha cabeça!estou novamente em tratamento e não tenho como participar de nada dessa semana de integração!!!! mas podem deixar que eu não caio fácil não!! rezem cada um a seu modo (com ou sem acento grave) e armem o coreto.... Juan Nahuel, Stella Alves, Mariana Figueiredo, Valéria Lourenço... " Ainda sim tive esperança de rever você... Até que ontem veio a notícia fatal. Você se ...

A morte, Vinicius de Moraes

A morte vem de longe Do fundo dos céus Vem para os meus olhos Virá para os teus Desce das estrelas Das brancas estrelas As loucas estrelas Trânsfugas de Deus Chega impressentida Nunca inesperada Ela que é na vida A grande esperada! A desesperada Do amor fratricida Dos homens, ai! dos homens Que matam a morte Por medo da vida.

O Corvo, Edgar Allan Poe

Trad.:Fernando Pessoa Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste, Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais, E já quase adormecia, ouvi o que parecia O som de alguém que batia levemente a meus umbrais. "Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais. É só isto, e nada mais." Ah, que bem disso me lembro! Era no frio Dezembro, E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais. Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais - Essa cujo nome sabem as hostes celestiais, Mas sem nome aqui jamais! Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais! Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo, "É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais; Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais. É só isto, e nada mais". E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante, "...

O homem na multidão, Edgar Allan Poe

"Ce grand malheur, de ne pouvoir être seul." La Bruyère De certo livro germânico, disse-se, com propriedade, que "es lässt sich nicht lesen" - não se deixa ler. Há certos segredos que não consentem ser ditos. Homens morrem à noite em seus leitos, agarrados às mãos de confessores fantasmais, olhando-os devotamente nos olhos; morrem com o desespero no coração e um aperto na garganta, ante a horripilância de mistérios que não consentem ser revelados. De quando em quando, ai, a consciência do homem assume uma carga tão densa de horror que dela só se redime na sepultura. E, destarte, a essência de todo crime permanece irrevelada. Há não muito tempo, ao fim de uma tarde de outono, eu estava sentado ante a grande janela do Café D. . . em Londres. Por vários meses andara enfermo, mas já me encontrava em franca convalescença e, com a volta da saúde, sentia-me num daqueles felizes estados de espírito que são exatamente o oposto do ennui; estado de espírito da mais aguda...

Putrefação / Música da hora #20 (Heaven - Bryan Adams)

E o intuito era sentirem-se mutuamente. Num doce beijo, entregaram-se. Ali se amaram enquanto o veneno voava na direção dos dois. Somente se abraçavam. As flechas que já foram lançadas, em câmera lenta, faziam-nos enxergarem o futuro que jamais teriam. O que restava era aquele momento. Quando foram atingidos, sentiram a mesma dor, choraram juntos. Aquela lágrima fundida se perdeu no solo que pisavam.Caíram juntos. Sangraram juntos. E ali permaneceram até apodrecerem juntos.   Heaven - Bryan Adams Oh!! Thinking about all our younger years There was only you and me We were young and wild and free Now nothing can take you away from me We've been down that road before But that's over now You keep me coming back for more (Chorus) Baby you're all that I want When you're lying here in my arms I'm finding it hard to believe We're in heaven And love is all that I need And I found it there in your heart Isn't to...

Sonho encoberto

Ela o abraçou com pernas e braços, e o enrolou,  cobriu-o de beijos,  aqueceu-o. Deitou-lhe em seu corpo,  aconchegou-o,  relaxou-lhe a coluna,  fechou-lhe os olhos,  apertou-o. Prendeu-o de forma lasciva,  atrasou-lhe as horas,  descobriu-o,  derrubou-o de si!  Ele? No chão, acordou.

"Sete anos de pastor"; "Sete anos" e "Hebreia".

Sete anos de pastor, Camões   Sete anos de pastor Jacob servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; Mas não servia ao pai, servia a ela, E a ela só por prémio pretendia. Os dias, na esperança de um só dia, Passava, contentando-se com vê-la; Porém o pai, usando de cautela, Em lugar de Raquel lhe dava Lia. Vendo o triste pastor que com enganos Lhe fora assi negada a sua pastora, Como se a não tivera merecida; Começa de servir outros sete anos, Dizendo: – Mais servira, se não fora Para tão longo amor tão curta a vida! Sete Anos, Gregório de Mattos Sete anos a nobreza da Bahia Servia a uma pastora Indiana bela, Porém servia a Índia e não a ela, Que à Índia só por prêmio pretendia. Mil dias na esperança de um só dia Passava, contentando-se com vê-la, Mas frei Tomás usando de cautela, Deu-lhe o vilão, quitou-lhe a fidalguia. Vendo o Brasil, que por tão sujos modos Se lhe usurpara a sua Dona Elvira, Quase a golpes de um maço e de uma goiva: Logo se arrepender...

Criando uma história brasileira

Esta postagem foi copiada do blog de Hermes Junior . Muito interessante. Eis aí:   A tela "Independência ou Morte" também conhecida como "O Grito do Ipiranga" do pintor brasileiro Pedro Américo. " Se eu pedir a 10 pessoas para retratarem através de um desenho o momento da Independência do Brasil, tenho a absoluta convicção de que todas tentarão representar, copiar, ou recriar a tela “O Grito do Ipiranga” do pintor paraibano Pedro Américo. A tela que ficou pronta em 1888, e segundo o historiador Alfredo Boulos Júnior “trata-se de uma pintura histórica encomendada pelo governo de D. Pedro II para exaltar D. Pedro I e rememorar o nascimento da nação e do Império Brasileiro.” Bom, se esse era de fato o objetivo da encomenda, nem é preciso tecer comentários ou discutir se ela atingiu ou não o seu propósito. Na realidade esta postagem tem por objetivo fazer uma análise crítica e simbólica desta imagem que é facilmente encontrada nos livros didáticos ...