Dádiva esta que vejo nos teus olhos, que são teus, mas tão meus. Vejo graça no que vejo. Estar contigo faz meus dias felizes, por assim dizer, graciosos, contentes. Nossas coisas boas e bobas são tão significativas para mim. Acredito ser isso: você. Faz-me esperançar o futuro. Carregar de significado o que é nosso. Buscar o melhor para nós. Para esse amor cheio de graça. E quero contar-te o que ronda meus pensamentos agora, pois é, definitivamente, na madrugada que minha mente se ilumina, quando tudo é tão silente. Ultimamente, há anos realmente, o silêncio estava na minha mente e, ao mesmo tempo, o barulho era tão grande que é difícil ouvir o que eu mesma tenha a dizer-me.
Entretanto, neste exato momento, enquanto meus dedos tocam o teclado, meus ouvidos soam Anunciação. Sinto cheiro de algo que vem. Minha mente se iluminou, assim como meus olhos ao pensar em um futuro que, ao contrário do que tudo parece, é esperançoso porque vejo graça em ti, meu amor. Em Deus. Dele a Graça real. Vejo graça nos animais, vejo graça em novas descobertas, em aprender novos mundos. Parece-me que se abre um leque de possibilidades e tudo por quê? Pela possibilidade de um pouco mais de liberdade em um ponto da minha vida. Tudo é questão de tempo nessa vida e perspectiva. Tempo é vida, aliás.
Tive até vontade publicar num blog que estava mortinho. Quero escrever, quero estudar, quero crescer. Uma mudança pode gerar um universo em potencial. Tudo depende de saber despertá-lo. Sinto como se sobrevoasse minha vida neste instante através de um drone. A tecnologia sempre foi minha amiga e esteve presente na minha vida muito antes de que eu me desse conta. Aos cinco anos, fui a primeira criança da minha rua a ter computador e enquanto muitas de minhas amigas, na adolescência se preocupavam com fotos (já tínhamos inventado a foto no espelho), eu estava mais em um mundo da escrita e criei meu primeiro blog. Então esta relação é antiga e tem cheiro de infância.
Mas confesso que me perdi desse mundo. Meus livros estão dentro desse esquecimento do que fui e do que sou. O universo das letras sempre foram braços abertos para me receber, mas estive distante. O cotidiano corrido, ajetreado, tão gracioso em suas futilidades e necessidades, me rouba de mim e da arte. Daquela que nos espera ansiosa como uma esfinge com a qual qualquer resultado é bom: decifrá-la ou ser devorada por ela e mergulhar nessa graça, nessa coisa linda de que o pensamento humano é capaz: a escrita. E criar através dela. Brincar um pouquinho de Deus, falhando miseravelmente, sem deixar de tentar (não) chegar (nem) perto.
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