Ontem à noite, ela se foi. A noite ficou mais escura. Foi descansar. Mas esperávamos sua volta. Eu esperava. Quando te conheci, você já estava nessa luta. Esperava tanto que você se recuperasse. Esperava outro abraço, outra doideira cheia de lucidez vindo de você, Alexandra. Com as costuras remendadas, mas ali. Difícil falar, pois vi seus cachinhos crescendo e, com eles, a esperança. Parecia estar melhor até que, de repente: "companheiros e companheiras de batalha: bom, como nem tudo são flores preciso dizer que tive uma recorrência do câncer!!! é, isso mesmo, essa merda voltou e se instalou na minha cabeça!estou novamente em tratamento e não tenho como participar de nada dessa semana de integração!!!! mas podem deixar que eu não caio fácil não!! rezem cada um a seu modo (com ou sem acento grave) e armem o coreto.... Juan Nahuel, Stella Alves, Mariana Figueiredo, Valéria Lourenço..."
Ainda sim tive esperança de rever você...
Até que ontem veio a notícia fatal. Você se foi. Foi iluminar-nos lá de cima. Mulher de força, batalhadora, guerreira. Não há como não te amar. Hoje vou te ver pela última vez.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
"amanheci chovendo,
largas poças em minhas calçadas,
pés gelados e úmidos.
mãos fechadas, olhos nublados...
algo mudou...
como? quando?" (Alexandra Moraes)
Amanhecemos, Xanda, depois de tantas costuras e descosturas, você descansou.
terça-feira, 7 de agosto de 2012
avesso
avesso,
costuras expostas
ando do lado de fora
carne viva
vermelha
sangrando
a etiqueta diz pra lavar à mão
secar à sombra
e passar à seco
carne viva é coisa frágil
E termino esta postagem com o seu poema que eu mais gosto:
quinta-feira, 22 de março de 2012
Resposta
ando costurando versos,
tecendo imagens,
bordando sons.
tenho feito bainhas
nos meus medos.
meu corpo foi desconstruído,
esse espaço que habito
não é mais o que eu conhecia bem,
há espaços e silêncios nunca
d'antes revelados,
há ausências.
há outras presenças.
e há o mesmo,
e há o medo.
minha nau é nova agora,
novos rumos
novos ventos.
diante do novo,
há o susto.
diante do susto,
há o abrigo.
"viagem compartilhada,
a desviar das pedras e maremotos."*
tenho trançado poemas
nos meus avessos,
agora só me interessa
o que é de dentro,
o que habita sob,
o que existe entre,
o que respira por,
o que dispensa o mas...
descosturada,
me refaço com carinhos,
renda feita com amores,
com palavras,
poemas
e flores.
*fernando vieira peixoto filho
Dessa vez, Carone que me desculpe, mas o nó dos nós não está sendo o verbo, mas sim aquele que dá na garganta a cada hora que me ponho a lembrar. A cada texto, a cada mensagem de carinho, a cada lembrança, a cada palavra que a gente lembra que nunca disse e que não seria suficiente de qualquer forma. Nós rimos ao lembrá-la, conjugamos Alexandra às vezes no passado tão próximo, às vezes no presente imperfeito. Mas devemos conjugá-la aqui e agora, pois, pelo que eu saiba, ela permanecerá no presente perfeito marcado por nossas memórias e sei que estarão ali tão vivas quanto ela.
Sem tchau e muito menos adeus, Alexandra.
Ainda sim tive esperança de rever você...
Até que ontem veio a notícia fatal. Você se foi. Foi iluminar-nos lá de cima. Mulher de força, batalhadora, guerreira. Não há como não te amar. Hoje vou te ver pela última vez.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
"amanheci chovendo,
largas poças em minhas calçadas,
pés gelados e úmidos.
mãos fechadas, olhos nublados...
algo mudou...
como? quando?" (Alexandra Moraes)
Amanhecemos, Xanda, depois de tantas costuras e descosturas, você descansou.
terça-feira, 7 de agosto de 2012
avesso
avesso,
costuras expostas
ando do lado de fora
carne viva
vermelha
sangrando
a etiqueta diz pra lavar à mão
secar à sombra
e passar à seco
carne viva é coisa frágil
E termino esta postagem com o seu poema que eu mais gosto:
quinta-feira, 22 de março de 2012
Resposta
ando costurando versos,
tecendo imagens,
bordando sons.
tenho feito bainhas
nos meus medos.
meu corpo foi desconstruído,
esse espaço que habito
não é mais o que eu conhecia bem,
há espaços e silêncios nunca
d'antes revelados,
há ausências.
há outras presenças.
e há o mesmo,
e há o medo.
minha nau é nova agora,
novos rumos
novos ventos.
diante do novo,
há o susto.
diante do susto,
há o abrigo.
"viagem compartilhada,
a desviar das pedras e maremotos."*
tenho trançado poemas
nos meus avessos,
agora só me interessa
o que é de dentro,
o que habita sob,
o que existe entre,
o que respira por,
o que dispensa o mas...
descosturada,
me refaço com carinhos,
renda feita com amores,
com palavras,
poemas
e flores.
*fernando vieira peixoto filho
Dessa vez, Carone que me desculpe, mas o nó dos nós não está sendo o verbo, mas sim aquele que dá na garganta a cada hora que me ponho a lembrar. A cada texto, a cada mensagem de carinho, a cada lembrança, a cada palavra que a gente lembra que nunca disse e que não seria suficiente de qualquer forma. Nós rimos ao lembrá-la, conjugamos Alexandra às vezes no passado tão próximo, às vezes no presente imperfeito. Mas devemos conjugá-la aqui e agora, pois, pelo que eu saiba, ela permanecerá no presente perfeito marcado por nossas memórias e sei que estarão ali tão vivas quanto ela.
Sem tchau e muito menos adeus, Alexandra.
Comentários